terça-feira, 18 de maio de 2010

Rosa Maria fechou o diário. Estava com sono. E, estranhamente, sentia um mal estar que raras vezes a incomodava. Um pouco de medo, não sabia de quê e, com absoluta certeza descobria um pouco de nojo em si mesma, nojo por ela - mais nojo que pena, mais medo que nojo. Não sabia definir, mas eram nojo, pena e medo, numa ordem e proporção que não podia - nem queria - estabelecer.
Começara a escrever o diário talvez para isso, contar ai tudo o que acontecia, o medo, o nojo e a pena. Mas começara a mentir para ela própria. Medo de quê? O nojo vinha ás vezes - mas ela achava que todo mundo era capaz de, um dia, por algum motivo, sentir do nojo de tudo. Pena - bem, ela já não perdia tempo em lamentar o que podia ter sido e o que não era. Sobrava o medo.

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